Dia 19 de agosto - Dia do Ator

Alguns nem sabem desta data; outros nem lembram, nem comemoram.Alguns até dirão: "dia do ator? São pessoas fora da nossa realidade, prá que lembrar? Prá que comemorar? Eu porém; não consigo deixar esta data passar em branco, sem me lembrar de meu amado pai. Sim , ele já partiu á tempos, mas não consigo ficar indiferente ao legado que ele deixou. Meu pai era ator! Apenas ator amador, mas sei o quanto ele amava desempenhar este dom que Deus lhe deu. Sei também, o quanto ele lutou por isso nos palcos inexpressivos por onde andou. O quanto por tanta dedicação à arte, se ausentava do lar e muitas vezes sem nenhuma remuneração; fazia apenas por amor ao teatro. Porém, nunca teve a oportunidade de se profissionalizar. Pobre, jovem, órfão de pais, vindo do interior de SP (Jaboticabal), para tentar uma vida melhor na cidade grande. Sem estudos, sem uma profissão definida, aqui se casou jovem demais; com três filhos para criar, quem sabe, não teve condições e nem oportunidades, para ir atrás de seus sonhos. Não pode recusar uma oferta de trabalho para trabalhar em um banco e embora, fosse um funcionário exemplar nos trinta anos nesta nobre profissão, nunca deixou de lado, os seus sonhos de representar. Organizava núcleo de atores e eles mesmos, escreviam as peças, cuidavam do cenário, das vestimentas e estavam sempre encenando 'esquetes' e dramas. Embora criança, me lembro em sentar no auditório e falar com orgulho para minhas amiguinhas: "aquele é o meu pai!" Ele gostava tanto das artes cênicas, que com muito sacrifício chegou a comprar um projetor profissional de cinema e nas festas na nossa cidade, alugava filmes e exibia em praças públicas, na igreja ou no salão social da cidade. Viva os atores! Viva Meu Pai! Sim, simplesmente um ator amador, que adorava o que fazia e fazia com amor e talento. Um homem sem estudos, mas com a alma encantada. Gostava de ler, ( alugava livros na Biblioteca em trazia para ler e incentivava os filhos a lerem), gostava de poesias ( acho que daí, vem o meu amor pela arte poética). Este era o meu pai! Calado,taciturno, trazia em si, uma alma verdadeira de quem só sabia se expressar através dos difíceis e marcantes personagens que interpretou em sua modesta vida.

Por Marici França, 19 de agosto de 2017